Meu celular acende. De longe, consigo ver que recebi uma nova mensagem. Quem deveria ser, duas horas da manhã? Devia ser alguma amiga precisando de ajuda.
Número desconhecido, e a seguinte mensagem:
- Oi. Tá ai?
Respondi o mais rápido que pude. Estava curiosa.
- To sim, quem é?
- Você não perde essa mania de madrugar, né? Continua a mesma.
- Oi??? Quem é?
- Sou eu. Matheus. Ainda lembra de mim?
Matheus. Matheus? MATHEUS? O Matheus, garoto que eu deixara no passado quietinho, e escondido, há uns anos atrás? O Matheus que fazia meu estômago revirar a cada vez que eu via ele passando ao meu lado, e fingindo que não me conhecia? O Matheus que um dia não dei valor, e me arrependi todos os dias seguintes? Deus-do-céu.
- Matheus? Matheus? Sério? Como conseguiu o meu número?
- Isso importa?
- Hm. Não.
Eu não iria ser tão fácil assim. Tudo bem que eu pensei nele durante esses 977 dias que passamos sem nos falar (sim, eu contei). Mas ele não precisava saber disso.
- Você não deve estar entendendo nada, né. Eu aparecer assim.
- Verdade…
- Eu to morrendo de saudade. To morrendo tanto, mas tanto, que até o orgulho me pediu para que eu te procurasse.
- Olha, Matheus… Eu, eu… Não sei o que te dizer.
- Você não sente saudades também? De tudo aquilo que tínhamos? Depois de você tive várias, tive sim. Mas todas elas me lembravam que elas não eram você. Eram melhores, mais bonitas, me tratavam melhor… Mas eu sempre quis você. Neguei por muito tempo esse sentimento dentro de mim, tentei transformar em ódio, fingir que nunca te conheci…
- Para com isso. Meu coração tá doendo.
- Tá doendo porque você ainda sente algo, assim como eu. Depois de tanto tempo, depois de tantos anos, finalmente estamos aqui, de novo. Sozinhos, com o coração partido, e precisando se agarrar a algo que mantenha nossa sanidade. Me diz, tem algo mais lúcido, e que faça mais sentido do que ''eu e você''? Teve alguma época da sua vida que você foi mais feliz do que na época que você esteve comigo? Se eu estiver errado, me diga. Mas diga mesmo. Porque aí eu desisto dessa ilusão de você para sempre.
- Ah, Mat, você foi o único que me marcou e sabe disso. Foi meu primeiro amor, meu único amor. Por outro lado, você me magoou muito. Me fez te odiar, e olha que eu não consigo odiar ninguém. Mas mesmo te odiando, eu não conseguia te esquecer. Pensava em você todos os dias, todas as horas. Nas madrugadas que ficava olhando para o teto esperando o sono chegar, pensava se você também estava olhando para o seu teto, imaginando as mesmas coisas que eu. Mas você demorou demais para me procurar… Tempo demais…
- Tenta me entender, Fê. Acha que é fácil tomar coragem para falar o que se sente? Não é não. Ensaiei isso tudo que to te falando umas 20 vezes, sem brincadeira. Olha, me dá uma chance de dizer essas coisas olhando nos seus olhos?
Penso por cinco minutos. Será que eu queria agitar a poeira desse livro que estava em minha estante?
- Hein, Fê? Por nós…
- Tudo bem. Amanhã a gente encontra no lugar de sempre, às 16 horas. Ok?
- Ok. E ah, vê se vai vestida com aquele sorriso que eu amo.
- Eu? Sorrir? Pra você? Há-há.
- Nossa, como eu estava com saudades do seu sarcasmo. E de tudo o mais em você.
- Eu também, Mat, eu também :)
Muito lindo né?! Me inspiro muito na Isa Freitas. Vou postar ainda pra vocês a parte II
Beijos
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